breves prosas poéticas

A gente não morre, não. A gente esquece

20/09/2017

A gente esquece, mas demora.

A gente esquece, mas não é agora. Porque ainda faltam duas juras de nunca mais e três ou quatro recaídas.

A gente tenta esquecer, fazendo aula de aquarela, de bateria, de krav magá. E no fim da aula, a gente lembra.

A gente esqueceria mais facilmente, se não existisse essa música maldita pra atrapalhar.

Antes de esquecer, às vezes, a gente chora e limpa a meleca na calça de pijama.

Quando a gente pensa que esqueceu, vê um filme triste e pensa que vai morrer.

Mas a gente não morre, não. A gente esquece.

A gente esquece quando se distrai, esperando no sinal vermelho, esquentando o almoço, escolhendo um shampoo novo.

Primeiro a gente esquece por horas, depois por dias.

A gente quer esquecer pra sempre, mas não vai ser hoje.

A gente esquece e não sabe como. Por isso é tão difícil sempre na próxima vez

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Sabrina Abreu